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terça-feira, 31 de março de 2015

PESQUISA QUER SABER A SITUAÇÃO DO HUNSRÜCKISCH EM ANTÔNIO CARLOS

Foi iniciado no último dia 23 de março o Censo Linguístico do Hunsrückisch, uma iniciativa da Prefeitura de Antônio Carlos, por intermédio da Secretaria Municipal de Educação e Cultura. Os custos do Censo Linguístico são bancados com recursos oriundos do Edital Elisabe Anderle.


O Edital Elisabete Anderle de Estímulo à Cultura é um concurso público, sob a responsabilidade do Governo do Estado de Santa Catarina, por intermédio da FCC (Fundação Catarinense de Cultura) conferido anualmente na forma da Lei n.º 15.503, de 29 de junho de 2011, regulamentada pelo Decreto n.º 806, de 9 de fevereiro de 2012. É uma ferramenta destinada a aportar recursos à produção, circulação, pesquisa, formação, preservação e difusão de trabalhos artísticos e culturais de pessoas físicas e jurídicas, em conjunto com as ações desenvolvidas pelo Funcultural, a partir do sistema Seitec.

Os recenseadores estarão visitando as residências de todas as famílias com questionários para coletar informações a respeito da situação linguística de nossa cidade, com ênfase no Hunsrückisch (o alemão falado em Antônio Carlos e região).

Igreja do Sagrado Coração de Jesus, na década de 1950.
Antônio Carlos é uma cidade de colonização, predominantemente, germânica. A língua falada por nossos ancestrais germânicos é por aqui denominada de Hunsrückisch (alguns preferem defini-la como dialeto, mas isto é discutível). De acordo com a política linguística atual, o Hunsrückisch é considerado como uma língua de imigração. As línguas de imigração foram, por muito tempo, vistas apenas como meros dialetos, o que as tornava “invisíveis” perante as línguas dominantes (SKUTNABB-KANGAS, 1996). Com o emprego do atual termo, acreditamos que as línguas de imigração possam ter o seu valor reconhecido em nosso país, cujas políticas linguísticas oficiais ainda estão pautadas no mito do monolinguismo.

Há estudos que comprovam a importância da manutenção e do incentivo aos falares locais, uma vez que eles elevariam a competência linguística. Na Alemanha, por exemplo, o dialetologista Hans Triebel explica que “a criança que cresce falando dialeto e aprende alemão padrão na escola é praticamente bilíngue, o que eleva sua competência e performance linguísticas – uma constatação fundada em pesquisas linguísticas”. Já o presidente da Associação Alemã de Filólogos, Heinz-Peter Meininger, justifica este fenômeno da seguinte maneira: “Os falantes de dialetos aprendem bem cedo a diferenciar diversos níveis linguísticos. Isso treina a capacidade de apreensão e o pensamento abstrato”.


Neste sentido, a Secretaria Municipal de Educação e Cultura pretende, após avançar mais alguns passos, ter condições de ensinar o Hunsrückisch às crianças de nossa Rede Municipal de Ensino, pois, deste modo, estaremos ajudando a manter a diversidade linguística, preservando a cultura de nossos antepassados e, além disto, contribuindo também para melhorar o próprio aprendizado escolar de nossas crianças.

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