Durante
os últimos voltamos a ouvir vários políticos e cidadãos defenderem a tese
liberal, no campo econômico, da redução do tamanho do Estado, o chamado “Estado
mínimo”.
O
atual governo de Jair Bolsonaro, por exemplo, orgulha-se em definir-se como
“liberal”. Em mensagens nas suas redes sociais o próprio presidente faz questão
de expor este posicionamento:
Viés
este já apontado na época em que era candidato à presidência do Brasil, na campanha
de 2018. Todos devem lembrar-se de que, quando era questionado sobre questões
econômicas, de forma debochada, sempre dizia ser um néscio no assunto e que por
isso havia se aproximado do economista Paulo Guedes, a quem chamava de “Posto
Ipiranga”.
Guedes,
que atualmente ocupa a pasta do Ministério da Economia, que sempre se
apresentou como um liberal em termos econômicos, integrante do grupo batizado
de “Chicago Boys”. Este termo denomina um grupo de economistas que foram
formados na Universidade de Chicago (EUA), principalmente sob a influência do
economista estadunidense Milton Friedman.
Brasil, novo laboratório dos “Chicago Boys”
No
contexto da Guerra Fria, “em Chicago, um
grupo de economistas afirmava que a origem dos desastres econômicos daquele
século não estava em limites do capitalismo, mas na mão pesada do Estado.
Milton Friedman e Frank Knight, professores de Chicago, se associaram ao
economista austríaco Friedrich von Hayek, num grupo que acusava o Estado de
bem-estar social de fortalecer o marxismo na União Soviética e em outros
países. Para Friedman, o desemprego, obsessão da escola dominante keynesiana,
era resultado das políticas assistenciais do Estado de bem-estar, que
desestimulariam os menos arrojados a procurarem trabalho.” (Veja mais
em https://economia.uol.com.br/noticias/bbc/2019/03/23/bolsonaro-no-chile-como-a-escola-de-chicago-transformou-pais-latino-americano-em-laboratorio-do-neoliberalismo.htm)
As
principais bandeiras desta visão econômica são as “privatizações, abertura ao mercado externo, reforma trabalhista e
redução do gasto público e do papel do Estado em áreas-chave, como saúde e
educação.” (Veja mais em https://economia.uol.com.br/noticias/bbc/2019/03/23/bolsonaro-no-chile-como-a-escola-de-chicago-transformou-pais-latino-americano-em-laboratorio-do-neoliberalismo.htm)
Segundo
alguns analistas, a Escola de Chicago e suas teorias econômicas ultraliberais
se dão melhor nas ditaduras e nos modelos autoritários que nas democracias
consolidadas. Por quê? “Possivelmente
porque, para serem implementadas, é preciso que as resistências cidadãs ante a
desigualdade que geram não tenham força para se manifestar no seio da sociedade
civil. É por isso que os laboratórios mais puros dos Chicago Boys se instalaram
nas ditaduras militares do Cone Sul latino-americano dos anos setenta e na
Turquia militar do passado”. (https://brasil.elpais.com/brasil/2018/10/26/internacional/1540555749_404186.html)
Mas
e no Brasil atual, com um governo pouco propenso ao diálogo democrático com a
sociedade, as medidas de Paulo Guedes e seus “Chicago Boys” estão dando certo?
Estão favorecendo o desenvolvimento econômico do país?
O Brasil do governo Bolsonaro
Estão
lembrados de que o liberalismo econômico defendido por Guedes prevê, entre
outros aspectos, “privatizações, abertura ao mercado externo, reforma
trabalhista e redução do gasto público e do papel do Estado em áreas-chave,
como saúde e educação”.
Então...
Muitas destas ações já foram implementadas e outras estão no forno do governo e
do Congresso Nacional.
A
“reforma da previdência”, aprovada no final de 2019, aumentou a idade e o tempo
de contribuição para a aposentadoria, reduzindo as chances de muitos
brasileiros e brasileiras de se aposentarem dignamente. “A principal medida da reforma da Previdência é a fixação de uma idade
mínima (65 anos para homens e 62 anos para mulheres) para a aposentadoria.
(...) Cumprida a regra de idade, a aposentadoria será de 60% do valor recebido
com o mínimo de 15 anos de contribuição. Cada ano a mais de trabalho eleva o benefício
em dois pontos percentuais, chegando a 100% para mulheres com 35 anos de
contribuição e 40 anos para homens.” (https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2019/11/08/congresso-promulga-reforma-da-previdencia-nesta-terca-feira)
As privatizações também avançam a passos
largos. No ano passado já foram desestatizadas algumas empresas e o governo
pretende privatizar outras em 2020. Na mira estão, por exemplo, os Correios, a
Telebrás, a Dataprev, Serpro, Casa da Moeda, entre outras. (https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/01/08/Quais-empresas-o-governo-federal-quer-privatizar-em-2020)
Estas
ações geraram ampliação da oferta de empregos? Possibilitaram ao governo
investir mais em saúde, educação e segurança pública? Não! Os dados do final de
2019 mostram um cenário pouco alentador para a geração de emprego com carteira
assinada.
“Os dados do Cadastro Geral de Empregados e
Desempregados (Caged), que registra o total de trabalhadores admitidos e
demitdos no regime CLT, revelam estagnação dos números e os do IBGE taxa
estável em dois dígitos e recorde de informalidade. Ou seja, o Brasil não gerou
emprego decente, não reduziu a taxa de desocupados, de trabalhadores
subutilizados e de pessoas desalentadas nem tampouco a dos por conta própria. O
número de desempregados no trimestre agosto/setembro/outubro de 2019 ficou em
12,4 milhões de pessoas. Anote: são 11,6% neste ano contra 11,7% em 2018, no
governo de Michel Temer (MDB). O menor índice para o trimestre foi em 2014, na
gestão Dilma Rousseff (PT), quando o desemprego ficou em 6,6%. De acordo com o
IBGE, o desemprego no governo Bolsonaro ‘ficou estatisticamente estável tanto
em relação ao trimestre de maio a julho de 2019’.” (https://www.cut.org.br/noticias/por-que-bolsonaro-nao-comemorou-a-leve-queda-na-taxa-de-desemprego-do-ibge-04fc)
Nas áreas
de educação e segurança pública houve, inclusive, redução de investimentos!
“No primeiro ano de governo, o presidente Jair Bolsonaro aumentou os gastos com
investimentos e custeio da máquina para a área de Defesa e reduziu as despesas
para a Educação, Saúde e Segurança. O resultado final das contas do governo
federal, divulgado pelo Tesouro, mostrou um aumento real (acima da inflação) de
22,1% das despesas da Defesa em relação a 2018. Um incremento de R$ 4,2 bilhões
de um ano para o outro. Na direção oposta, os gastos com Educação caíram 16% e
Saúde teve uma queda de 4,3%. Os investimentos para a área de segurança,
comandada pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro, minguaram 4,1%. Ao longo do
ano passado, Moro, no auge do aperto orçamentário, engrossou a fila dos ministros
que pediram ao Palácio do Planalto reforço de recursos para as suas pastas”. (https://www.terra.com.br/economia/bolsonaro-corta-investimentos-em-educacao-saude-e-seguranca.html)
A Gripe espanhola e o Coronavírus: a necessidade do SUS
“Cadáveres jazem na porta das casas, atraindo
urubus. O ar é fétido. Os raros transeuntes andam a passos ligeiros, como se
fugissem da misteriosa doença. Carroças surgem de tempos em tempos para, sem
cuidado ou deferência, recolher os corpos, que seguem em pilhas para o
cemitério. (...) Como os coveiros, em grande parte, estão acamados ou
morreram, a polícia sai às ruas capturando os homens mais robustos, que são
forçados a abrir covas e sepultar os cadáveres. Os mortos são tantos que não há
caixões suficientes, os corpos são despejados em valas coletivas e o trabalho
se estende pela madrugada adentro”. (https://brasil.elpais.com/sociedade/2020-03-16/em-1918-gripe-espanhola-espalhou-morte-e-panico-e-gerou-a-semente-do-sus.html)
Este
cenário assustador descreve o Brasil, há 102 anos. Foi em 1918 que estourou em
nosso país a gripe espanhola (uma estirpe do vírus Influenza A, do subtipo
H1N1), trazida por um transatlântico vindo da Europa.
Estima-se
que ela tenha vitimado entre 20 a 40 milhões de pessoas no mundo – mais do que
a própria Primeira Guerra Mundial (1914-1918), que seria responsável pela morte
de cerca de 15 milhões de pessoas. Já no Brasil, por exemplo, na capital
federal, o “Rio de Janeiro, maior núcleo
urbano do país, apresentou o número de óbitos mais elevado. Em dois meses
faleceram cerca de 12.700 pessoas, cerca de 1/3 do total registrado no país,
para uma população de quase um milhão de habitantes”. (https://atlas.fgv.br/verbetes/gripe-espanhola). Nem
mesmo o presidente da República escapou da ferocidade desta peste: mesmo não
tendo tratado a epidemia como “fantasia” ou “paranoia da mídia”, Rodrigues
Alves, eleito em 1918, morreu em janeiro de 1919, fazendo com que uma nova
eleição fosse convocada.
A
descrição do país do início do século XX assemelha-se a situação de
quarentena imposta atualmente em alguns Estados brasileiros em razão do Covid-19.
“Em todo o Brasil, os hospitais estão abarrotados.
As escolas mandaram os alunos para casa. Os bondes trafegam quase
vazios. Das alfaiatarias às quitandas, das lojas de tecido às barbearias,
o comércio todo baixou as portas — à exceção das farmácias, onde os
fregueses disputam a tapa pílulas e tônicos que prometem curar as vítimas da
doença mortal”. (https://brasil.elpais.com/sociedade/2020-03-16/em-1918-gripe-espanhola-espalhou-morte-e-panico-e-gerou-a-semente-do-sus.html)
Embora o
vírus não escolha as pessoas pela classe social, assim como atualmente com o
Covid-19, a gripe espanhola foi mais devastadora para as classes populares. A
epidemia evidenciou a grave deficiência da saúde pública no Brasil: “em termos de saúde, os pobres estão ao
deus-dará. Não há hospitais públicos. Não é raro que as pessoas, assim que se
descubram ‘espanholadas’, busquem socorro nas delegacias de polícia. Quem, aos
trancos e barrancos, presta alguma assistência à população carente são
instituições de caridade, como as santas casas e a Cruz Vermelha. (...) As
famílias ricas são menos atingidas do que as famílias pobres porque se refugiam
em fazendas no interior do país, mantendo distância do vírus”. (https://brasil.elpais.com/sociedade/2020-03-16/em-1918-gripe-espanhola-espalhou-morte-e-panico-e-gerou-a-semente-do-sus.html)
A
calamidade provocada pela epidemia da gripe espanhola fez com que tanto o
Congresso Nacional como o poder executivo nacional se mobilizassem para alterar
a estrutura da saúde do país. Até então, no âmbito federal, a única coisa que
existia era a “Diretoria-Geral de Saúde
Pública, subordinada ao Ministério da Justiça, mas com atuação bastante tímida,
cuidando apenas da barreira sanitária dos portos e da higiene da capital do
país”. Deste modo, em 1920, nasce o Departamento Nacional de Saúde Pública.
“Assim, de forma indireta, a gripe
espanhola planta tanto a semente do Ministério da Saúde, que surgirá em 1930
(como Ministério dos Negócios da Saúde e da Educação Pública), quanto a do
Sistema Único de Saúde (SUS), que será previsto na Constituição de 1988”. (https://brasil.elpais.com/sociedade/2020-03-16/em-1918-gripe-espanhola-espalhou-morte-e-panico-e-gerou-a-semente-do-sus.html)
Foi
necessário uma catástrofe para estimular o Brasil a pensar a saúde como uma
questão de preocupação e planejamento do poder público. Coisa que,
infelizmente, parece que estamos esquecendo...
A lei do Teto de Gastos (PEC do Congelamento) e o enfraquecimento do SUS
Promulgada
pelo Congresso Nacional em 15 de dezembro de 2016, a Emenda Constitucional 95, impôs
o congelamento dos investimentos por 20 anos. O atual presidente, Jair
Bolsonaro, na época deputado federal, votou favoravelmente a este congelamento.
(https://veja.abril.com.br/politica/eleicoes-2018-o-que-os-candidatos-pensam-sobre-o-teto-dos-gastos-publicos/)
Quais as
consequências desta Emenda Constitucional para a saúde pública brasileira?
Só em
2019 a saúde brasileira perdeu mais de R$ 9 bilhões e, segundo relatório da
Secretaria do Tesouro Nacional, valor igual deve ser perdido em 2020.
“O novo regime fiscal estabelecido pela regra do
teto de gastos começou a impor perdas para a área de saúde em 2019, quando R$
9,05 bilhões deixaram de ser empenhados para essas despesas, de acordo com o
Relatório Resumido da Execução Orçamentária, do ano passado, da Secretaria do
Tesouro Nacional”. (https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/02/27/saude-deixou-de-receber-r-9-bi-em-2019-devido-a-regra-do-teto-de-gastos-mostra-tesouro-nacional.ghtml)
Menos
investimentos do governo federal na saúde pública significa, obviamente, um
enfraquecimento do SUS (Sistema Único de Saúde) e compromete ações
governamentais. Atualmente, quando mais uma epidemia assola nosso país, a
robustez das respostas depende de recursos públicos que, infelizmente, estão
reduzidos.
A
importância de um sistema público de saúde forte e eficiente fica mais evidenciado neste momento de pandemia. Basta ver o que acontece nos EUA,
onde não há um sistema público de saúde eficiente. Estima-se que 27,5 milhões
estadunidenses não possam pagar por saúde privada. E quem não pode pagar, não
tem acesso à saúde... Em razão disto,
muitos estadunidenses, mesmo tendo sintomas do Covid-19, não procuram as redes
hospitalares, pois não têm condições de arcar com os custos, que são
extremamente elevados.
“Não se sabe qual o número exato de pessoas
contaminadas no país. Até quinta-feira (12), pouco mais de 7.000 testes de
detecção do vírus tinham sido realizados, num universo de mais de 300 milhões
de habitantes – o que faz dos EUA o país com a menor taxa de testes por
habitante entre todos os países desenvolvidos no mundo”.
“Nós não podemos viver num país no qual se você tem
o dinheiro você consegue o tratamento necessário para sobreviver, mas se você é
um trabalhador ou uma pessoa pobre você chegou ao fim da linha. Isso seria
moralmente inaceitável” - Bernie Sanders, pré-candidato democrata à
Presidência dos EUA em manifesto publicado no dia 12 de março de 2020. (https://www.nexojornal.com.br/expresso/2020/03/13/Como-a-pandemia-expoe-contradições-do-modelo-americano-de-saude)
Liberalismo real: privatização dos lucros e socialização dos prejuízos
Pois bem.
Voltemos a alguns mantras do liberalismo econômico: “privatizações, redução do
papel do Estado”. Estas são as exigências do eficiente “mercado”, pois o Estado
seria ineficiente...
Esta é a
teoria do “Estado mínimo”, mas a realidade é um pouco diferente!
Bastou a
pandemia do Coronavírus mexer na estrutura econômica para que a eficiência do
“mercado” virasse mito! Aí o “mercado” esquece a teoria do “Estado mínimo” para
solicitar a intervenção do Estado, a seu favor, é claro!
Vejamos
algumas manchetes dos últimos dias:
Para deputados do Novo, governo precisa fazer intervenção (10 de março de 2020)
Para deputados do Novo, governo precisa fazer intervenção (10 de março de 2020)
(https://valor.globo.com/politica/noticia/2020/03/10/para-deputados-do-novo-governo-precisa-fazer-intervencao.ghtml)
Guedes vai presentear bancos com R$ 30 bilhões, na primeira bondade do governo diante do coronavírus (13 de março de 2020)
Guedes vai presentear bancos com R$ 30 bilhões, na primeira bondade do governo diante do coronavírus (13 de março de 2020)
(https://www.brasil247.com/economia/guedes-vai-presentear-bancos-com-r-30-bilhoes-na-primeira-bondade-do-governo-diante-do-coronavirus)
França e Itália podem estatizar empresas para evitar falências devido a perdas por coronavírus (17 de março de 2020)
França e Itália podem estatizar empresas para evitar falências devido a perdas por coronavírus (17 de março de 2020)
(https://g1.globo.com/economia/noticia/2020/03/17/franca-e-italia-podem-estatizar-empresas-para-evitar-falencias-devido-a-perdas-por-coronavirus.ghtml)
Bancos públicos são chamados novamente para conter a crise (17 de março de 2020)
Bancos públicos são chamados novamente para conter a crise (17 de março de 2020)
(https://www.fenae.org.br/portal/fenae-portal/noticias/bancos-publicos-sao-chamados-novamente-para-conter-a-crise.htm)
Companhias aéreas vão precisar de US$ 200 bi dos governos para não quebrar (18 de março de 2020)
Companhias aéreas vão precisar de US$ 200 bi dos governos para não quebrar (18 de março de 2020)
Retomemos
então o questionamento título deste texto: O Estado mínimo funciona?
Sim...
em épocas de bonanças e para os endinheirados! O liberalismo econômico é
individualista, egoísta, egocêntrico e gera um mundo de exploração, de
desiguais, embasado no falso discurso da meritocracia. E
o que precisamos hoje para superar a crise atual são de valores contrários a
estes defendidos pelo liberalismo: precisamos de cooperação, empatia... o outro
não é meu concorrente, meu inimigo!
Há alguma saída? Que esta pandemia do Coronavírus nos faça refletir...
Para
finalizar, reproduzo parte de uma matéria publicada no site da Revista do IHU
(Instituto Humanitas Unisinos): “A
pandemia e o fim do neoliberalismo pós-moderno”.
“Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de Economia de 2001, escreveu um
artigo publicado na revista Social
Europe, chamado ‘O fim do neoliberalismo e o renascimento da
história’, no qual aponta as consequências negativas da aplicação
das políticas neoliberais. Estas incluem: reformas trabalhistas destinadas
a enfraquecer os sindicatos e facilitar a demissão dos trabalhadores, bem
como políticas de austeridade que tentam diminuir a proteção social
por meio de cortes no gasto público social, na qualidade democrática dos países
em volta do Atlântico Norte (incluindo
a Espanha), e também, no
bem-estar das classes populares. Uma das consequências desta realidade tem sido
o enorme crescimento da desigualdade na
maioria desses países, nos quais as políticas neoliberais têm sido aplicadas.
O neoliberalismo ataca todas as
subjetividades e interpretações ideológicas da realidade que se suavizaram com
a convivência, já que não acredita na sociedade e, sim, em indivíduos
concorrendo entre si, em termos desiguais. Prega a forte liberalização da economia, o livre
comércio de modo geral, e uma drástica redução do gasto público e
da intervenção do Estado na
economia a favor do setor privado, o qual passaria a desempenhar as funções
tradicionalmente atribuídas ao Estado.
Não
obstante, essa substituição do Estado, justificada por uma suposta ineficiência do setor público se
comparado ao privado, vai por água abaixo quando a ineficácia dos banqueiros
acaba com as entidades financeiras e, então, é solicitada a
intervenção do Estado
— que reconhece implicitamente a gestão pública, só que apenas articulando a
perversa equação de privatizar os
benefícios e coletivizar as perdas. O
que seria da luta contra o coronavírus com um sistema de saúde absolutamente
privado e focado exclusivamente no benefício empresarial?”.
(http://www.ihu.unisinos.br/597216-a-pandemia-e-o-fim-do-neoliberalismo-pos-moderno)
Prof.
Altamiro Antônio Kretzer – Doutor em História Cultural, Graduado em Filosofia.
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