“História est testis témporum, lux
veritatis, vita memóriae, magistral vitae, núntia vetustatis” (Cícero) – “A
História é testemunho dos tempos, luz da verdade, vida da memória, mestra da
vida, mensageira da antiguidade”. – esta é uma frase atribuída ao conhecido
pensador da Roma Antiga, Cícero.
Se
hoje temos um tempo presente a comemorar, é porque temos também um tempo
passado a ser rememorado e celebrado! O presente não existe sem o passado, como
tampouco o futuro existe sem a comunhão do passado e do presente.
A
História de Antônio Carlos se funde com a história de inúmeros homens e
mulheres que, ao longo das décadas, foram escrevendo suas histórias e a
história de nossa cidade. A família de João Henrique Soechting, acompanhada de
outras, rumou para o vale do Rio do Louro em busca de novas terras e novas
oportunidades, uma vez que as condições de sobrevivência não eram consideradas
muito favoráveis nas terras da colônia de São Pedro de Alcântara. É neste vale
que se inicia a colonização alemã, nas terras que irão compor posteriormente o
município de Antônio Carlos. Terras que encantaram não somente estes colonos,
mas também viajantes que por lá passaram. Em 1858 o médico e viajante alemão
Robert Avé-Lallemant visitou estas paragens e registrou em seu diário: “Descemos para um riacho, o Rio do Louro,
onde nos saudaram uma pequena capela e colônias isoladas, e onde geralmente
vivem alemães. (...) Aqui no límpido Rio do Louro há muita coisa a ser
cultivada e muitas machadadas são ainda necessárias antes que todo o terreno
aproveitável seja retirado do estado primitivo”. (AVÉ-LALLEMANT,
Robert. Viagens pelas Províncias de Santa Catarina, Paraná e São Paulo. 1858,
p. 137).
Esta
terra ainda em estado primitivo que necessitava de muito trabalho para ser
cultivada deu frutos, muitos frutos. O suor de inúmeras famílias fez brotar
destas terras uma pujante economia. Durante o século XIX e início do século XX
os produtos da economia local a serem comercializados no litoral eram transportados
no lombo de animais ou em chatas (canoas) pelo Rio Biguaçu.
Até
meados da década de 1970 a economia agrícola do município girava,
principalmente, em torno da cana-de-açúcar e da mandioca, com a produção de
açúcar, melado, cachaça e farinha. É durante a década de 1970 que tem início o
cultivo comercial de hortaliças em Guiomar, Rachadel, Rio Farias e Vila Doze.
Atualmente a produção de hortaliças está disseminada em todo o município. Esta
realidade fez de Antônio Carlos o maior produtor de hortaliças de Santa
Catarina com produção média anual de 150 mil toneladas. A agricultura é,
indiscutivelmente, a força da economia do município, pois aproximadamente 80%
das famílias antônio-carlenses vivem da produção e comercialização dos
hortifrutigranjeiros.
Mas
não somente da agricultura vive a economia antônio-carlense. A indústria também
é destaque. Se nos idos de 1845 Cândido Machado Severino foi o construtor do
primeiro engenho de farinha destas terras, hoje temos, por exemplo, a fábrica
de refrigerantes Vonpar, com produtos da multinacional Coca-cola; a
agroindústria Ranac com sua inovadora e promissora comercialização de carnes de
rã; os aviários que complementam a renda de muitos agricultores e tantas outras
destacadas empresas. Todas elas importantes geradoras de empregos diretos e
indiretos, como também fonte respeitável de impostos para o município.
Aquecendo a economia local temos ainda os parques aquáticos que atraem a cada
ano milhares de pessoas que buscam lazer e diversão.
Além
das características econômicas e naturais, outro aspecto se destaca em nossa
cidade. Se somente em 1924 teremos o primeiro antônio-carlense com grau
universitário, o Cônego João Adão Reitz, formado em Teologia pela Gregoriana de
Roma, atualmente nossa cidade desponta como um grande destaque na educação,
tanto em nível estadual quanto também nacional.
Segundo
os últimos dados do Ideb, divulgados pelo MEC, Antônio Carlos está entre as
melhores cidades de Santa Catarina na Rede Pública de Ensino Fundamental
Regular das séries iniciais, com a média de 7,2 – Ideb 2015 (http://www.qedu.org.br/estado/124-santa-catarina/ideb/ideb-por-municipios).
Isto
porque, entre outras questões, a educação sempre foi considerada como aspecto
assaz importante na vida de nossos antepassados. Realidade esta herdada desde
os tempos das antigas escolas paroquias que eram mantidas pelos próprios colonos
que se cotizavam para pagar o professor que ensinaria a seus filhos as
primeiras letras.
Esta
importância dada à educação faz também com que Antônio Carlos seja, segundo
palavras do saudoso professor Lauro Junkes, “o município catarinense de maior
representatividade na Academia Catarinense de Letras (...)”. Ainda segundo
Lauro Junkes, “se a Academia se compõe de 40 membros, em percentual de
população, não há nenhum município que se aproxime da representatividade de
Antônio Carlos”.
Isto
porque nossa cidade ofereceu, até o momento, quatro imortais para a Academia
Catarinense de Letras:
O
professor EVALDO PAULI (ocupante da cadeira 21), primeiro antônio-carlense na
ACL, com ingresso em 1968. Professor Evaldo foi professor titular de História
da Filosofia na UFSC e também professor de Metodologia Científica e História da
Educação da UNIVALI. É também membro do IHGSC, da Academia Brasileira de
Filosofia e presidente da Academia Catarinense de Filosofia. Possui mais de uma
dezena de obras publicadas sobre Filosofia e História de Santa Catarina, parte
destas publicadas em esperanto.
Cônego
RAULINO REITZ (que ocupou a cadeira 7). Foi diretor do Jardim Botânico do Rio
de Janeiro e um dos fundadores e organizadores da Fundação de Amparo e Pesquisa
Tecnológica do Meio Ambiente (FATMA). Como botânico, Pe. Raulino
coletou e herborizou 28.769 plantas. Descobriu para a ciência cerca de 350
novas espécies e descreveu 6 novos gêneros de plantas. Percorreu mais de 1
milhão de quilômetros em 953 excursões botânicas durante 50 anos. Com
seu companheiro de pesquisas, Roberto Miguel Klein, padre Raulino Reitz recebeu
o Prêmio Global 500, da Organização das Nações Unidas (ONU), na Cidade do
México, em 1990. Homem da ciência preocupado com a humanidade, já na década de
1970 demonstrava uma preocupação ambiental bastante intensa. No
discurso de Abertura do 26º Congresso Nacional de Botânica (ocorrido em 26 de
janeiro de 1975) afirmou: “Os botânicos não podem se recolher em torres de
marfim estudando tecnicamente as plantas e ficar omissos ante a ação
indiscriminada contra os pulmões verdes do mundo e de nossa belíssima
paisagem”.
Temos
ainda o professor LAURO JUNKES (que foi o titular da cadeira 32). Professor
Lauro doutorou-se em Teoria da Literatura pela PUC-RS e foi professor titular
da UFSC. Foi ainda presidente da Academia Catarinense de Letras - ACL, e também
autor de várias obras versando, principalmente, sobre literatura catarinense.
E
por fim, JOSÉ ARTULINO BESEN (ocupante da cadeira de número 13). Ordenado
presbítero da Arquidiocese de Florianópolis por Dom Afonso Niehues, em 3 de
julho de 1976, participou do Projeto Missionário “Igrejas Irmãs” que a Arquidiocese
de Florianópolis tem em parceria com a Diocese de Barra, na Bahia. Foi
professor de História da Igreja no Instituto Teológico de Santa Catarina – ITESC
de 1975 a 2013 e é também Sócio emérito do Instituto Histórico e Geográfico de
Santa Catarina.
Através desta citação mais demorada destes quatro filhos ilustres de Antônio Carlos, homenageamos a todos e a todas que contribuíram e contribuem para o desenvolvimento da educação e da cultura em nossa cidade.
A soma de fatores como a dedicação ao trabalho, valorização dos estudos e uma fé ardorosa, fazem de Antônio Carlos uma cidade privilegiada para se viver. Temos um dos maiores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) de Santa Catarina e do país, que por sua vez reflete na excelente qualidade de vida de nossa população. Segundo a última pesquisa divulgada pelo IBGE (PNUD 2000) nosso IDH é de 0,827.
Assim como no século XIX os primeiros colonos foram atraídos para estas terras, ainda hoje, em virtude das qualidades que nossa cidade possui, muitos tem escolhido Antônio Carlos para viver e investir. Somos todos uma grande família, os que lá nasceram e os que escolheram nossa cidade como seu novo lar, todos irmanados buscando construir uma cidade cada vez melhor! Isto porque nosso passado nos honra, nosso presente nos orgulha e nosso futuro nos desafia constantemente.
Prof. Dr. Altamiro Antônio Kretzer (Historiador)
Nenhum comentário:
Postar um comentário