“As pessoas não serão capazes de olhar para a posteridade, se não
tiverem em consideração a experiência dos seus antepassados”.
(Edmund Burke,
escritor irlandês do século XVIII)
Centenas
de pessoas prestigiaram o início das festividades dos 185 Anos de Imigração
Alemã em Antônio Carlos. O evento, organizado pela Prefeitura de Antônio Carlos,
por intermédio da Secretaria Municipal de Educação e Cultura e da Secretaria
Municipal de Esporte e Turismo, em parceria com o CPC da Capela do Louro, foi
realizado na comunidade do Louro no último dia 6 de maio e teve início com a celebração de uma Missa de
Ação de Graças, às 18h, seguida da inauguração do Monumento em Homenagem aos
Imigrantes Pioneiros.
LANÇAMENTO
DO LIVRO BILÍNGUE “EIN PRIEF FIR DIE ZUKUNKT”
As
festividades tiveram continuidade no interior do salão da Capela com o
lançamento do livro do Sr. Leonídio Zimmermann intitulado “Ein prief fir die
zukunkt” (Uma carta para o futuro), obra bilíngue, português-hunsrückisch, que
revela o reconhecimento das experiências e conhecimentos de nossos antepassados
como forma de construirmos um futuro mais promissor! É também um tributo à
história de nossos antepassados, história esta que se fundiu à história do
Brasil, de Santa Catarina, e de nossa cidade no início do século XIX.
APRESENTAÇÃO
DE DANÇAS E MÚSICAS ALEMÃS
O
público presente foi ainda brindado com a apresentação do Coral Poesis, que
emocionou com inúmeras canções alemãs do folclore local, e com a apresentação
dos grupos de danças alemãs das cidades de Anitápolis e de Angelina, sob a
coordenação do professor Gilson Schmitz.
Grupo de Danças Alemãs de Angelina e de Anitápolis fizeram belíssimas apresentações, sob a coordenação de Gilson Schmitz. |
Coral Poesis, de Antônio Carlos, sob a regência de Silvério Petri. |
UM
POUCO DE HISTÓRIA
Em
setembro de 1828 os primeiros imigrantes alemães de Santa Catarina saíram de
seu país de origem no navio “Johanna Jakobs”, em direção ao Brasil, do qual
desembarcaram em outubro de 1828, no Rio de Janeiro. No dia 28 de outubro
partiram para o Sul do Brasil, em direção à cidade de Nossa Senhora do
Desterro, hoje Florianópolis, em dois veleiros, o Brigue Luísa e o Bergantim
Marquês de Vianna. Estes veleiros traziam a bordo 635 imigrantes, vindos da
região do Rio Mosela, Hunsrück e Eifel, hoje Estado da Renânia-Palatinado, na
Alemanha.
No
dia 1º de março de 1829 alguns destes imigrantes alemães fundaram a primeira
colônia alemã de Santa Catarina, São Pedro de Alcântara. De lá muitos migraram
para outras localidades do Estado, como: Antônio Carlos, Angelina, Blumenau,
Pomerode, Águas Mornas, entre outras.
A
História de Antônio Carlos se funde com a história de inúmeros homens e
mulheres que, ao longo das décadas, foram escrevendo suas histórias e a
história de nossa cidade. Em 6 de maio de 1830, vindas da Colônia de São Pedro
de Alcântara, algumas famílias alemãs, lideradas por João Henrique Soechting, rumaram para o vale do Rio do Louro em busca
de novas terras, novas oportunidades, de melhores condições de vida para si e
para os seus. É neste vale que se inicia a colonização alemã, em terras que
irão compor, posteriormente, o município de Antônio Carlos.
Nesta data, 6 de maio de 1830, João Henrique Soechting (Johan Henrich Söchting), acompanhado de sua esposa, Guiomar da Silva, e de seu filho, Júlio César Soechting, iniciam a colonização das terras do vale do Rio do Louro, acompanhados de outros imigrantes, dando início à segunda colônia alemã de Santa Catarina. Até setembro de 1830 os pioneiros, muitos deles soldados, alguns agricultores, outros marceneiros, alfaiates, ferreiros, eram os seguintes:
Nesta data, 6 de maio de 1830, João Henrique Soechting (Johan Henrich Söchting), acompanhado de sua esposa, Guiomar da Silva, e de seu filho, Júlio César Soechting, iniciam a colonização das terras do vale do Rio do Louro, acompanhados de outros imigrantes, dando início à segunda colônia alemã de Santa Catarina. Até setembro de 1830 os pioneiros, muitos deles soldados, alguns agricultores, outros marceneiros, alfaiates, ferreiros, eram os seguintes:
Adão EMMERICH, mulher e
quatro filhos;
Antônio SCHENK, mulher
e filha;
Francisco SCHWARZ,
mulher e filho;
Jacob SCHWARZ, mulher e
filho;
João GEISSBUSCH, mulher
e quatro filhos;
João Henrique
SOECHTING, mulher e filho;
João SCHWARZ, mulher e
filha;
José RUPPEL, mulher e
dois filhos;
Maria CRELS e dois
filhos;
Niolau BINS, mulher e
dois filhos;
Nicolau HERMES, mulher
e quatro filhos;
Matheo JOCHEN e cinco
filhos;
Henrique MEINSCHEIN;
João HOLZE;
João SIEGLIN;
Nicolau SCHWARZ;
Theodoro Antônio
REVOETS;
Tomaz HOENER.
Marco da Colonização Alemã em São Pedro de Alcântara (1929), primeira colônia alemã de Santa Catarina. |
Mas
nas décadas seguintes inúmeras outras famílias também rumaram para estas terras.
Segundo nosso padre historiador, Raulino Reitz, os sobrenomes destes imigrantes
são:
Alflein,
Alflent, Allein, Bachmann, Baumgarten, Berns, Besen, Bunn, Bins, Bohn, Clasen,
Conradi, Conrat (Konrath, Konrad), Decker, Deschamps, Diedrich, Diemon (Dimon),
Egerth (Egert), Feltes, Franzner, Freiberger, Gässer (Gesser, Guesser),
Gelsleichter, Goedert, Gorges, Haack (Hack), Habitzreiter, Hammes, Hermes,
Hillesheim, Hoffmann, Jochen, Junkes, Kammer, Kindermann, Klasen (Clasen),
Klein, Koch, Kehrig (Koerig, Koerich), Kons, Krämer (Kraemer, Kremer), Krätzer
(Kretzer), Kraus, Kreusch, Kreutz, Kroeff (Kreff), Kuhn, Kunz, Ludwig, Mangrich
(Mannrich), Mannes (Manes), Marthental (Martendal), May, Meyer, Meinschein,
Meurer, Michels, Momm (Monn), Morsch, Müller, Münich, Nau, Neis, Neumann,
Pauli, Peppler, Pering, Petry (Petri), Pfeiffer, Philippi, Pitz, Platten, Prim,
Rassweiler (Rasveiler), Rech, Reinert, Reitz (Raitz), Rangel, Richard,
Richartz, Rohden, Rohtstein, Sabel, Schaeffer, Schappo, Scherer, Schmidt,
Schmitt, Schmitz, Schneider, Schneit, Schuch, Schuechter, Schütz (Schuetz),
Schwartz, Schweitzer, Schwabe, Schwambach, Sens, Simones, Soechting,
Staeheling, Steffens, Waldrich (Waltrich, Valtrich), Walter, Weber (Veber),
Weingarten, Werner, Wiese, Will, Winter, Wilperth (Willpert), Wilvert,
Wilvertsdedt, Zimmemann (REITZ, Raulino. ALTO BIGUAÇU - NARRATIVA CULTURAL TETRARRACIAL.
Coedição Editora Lunardelli/Editora UFSC, 1988, p. 39-40)
Imigrantes
de forte religiosidade logo se organizaram para erguer uma capela. A Lei nº
100, de 30 de abril de 1838, autoriza a construção da Capela e do cemitério. A
capela foi e continua a ser dedicada a São Pedro Apóstolo.
A
comunidade do Louro também já foi, durante um período, a sede distrital da
região. Através da Lei Municipal nº 121 de 15/julho/1919 é criado o 4º Distrito
de Paz no Louro. Este é instalado no dia 02 de agosto do mesmo ano, tendo como
Sede do Distrito o entroncamento das entradas da Capela do Louro e Santa Maria (casa
Pitz). Felipe Kretzer foi o primeiro juiz de Paz, nomeado em 22 de novembro de
1919 (22/11/1919 – 20/12/1919 e 31/12/1923 – 31/12/1924). Esta condição de Distrito
para a comunidade do Louro perdurou até 1930 quando, por meio do Decreto nº 24,
de 09 de dezembro de 1930, o General Ptolomeu de Assis Brasil, Interventor de
Santa Catarina, altera o nome do Distrito de Louro para Distrito de Antônio
Carlos e transfere a Sede para a localidade de Encruzilhada (atual região
central de nossa cidade).
É
a história destes homens e mulheres que queremos hoje reverenciar! Seus
esforços, sua luta diária ajudou a moldar nosso município. Uma história que tem
forte ligação com dois municípios fronteiriços: São Pedro de Alcântara, de onde
vieram os primeiros imigrantes alemães, e Biguaçu, município do qual fazíamos
parte até nossa emancipação política ocorrida em 6 de novembro de 1963.
TENHA ORGULHO DE SEUS HUMILDES ANTEPASSADOS
São as pessoas humildes que eu procuro,
O sal da Terra, por assim dizer.
Aqueles que domaram o solo bruto,
E fizeram nele as sementes florescer.
O sal da Terra, por assim dizer.
Aqueles que domaram o solo bruto,
E fizeram nele as sementes florescer.
São estes que eu gosto de encontrar,
Quando mergulho na estrada da genealogia.
E é apenas por orgulho que me deixo levar,
Refazendo seus passos para assim os imortalizar.
Quando mergulho na estrada da genealogia.
E é apenas por orgulho que me deixo levar,
Refazendo seus passos para assim os imortalizar.
Aqueles que buscam o passado com sonhos de glória,
De encontrar heróis e ducados em cada história,
Não devem jamais se desapontar,
Ainda que descubram que os humildes ancestrais
Tinham somente as estrelas para contemplar.
De encontrar heróis e ducados em cada história,
Não devem jamais se desapontar,
Ainda que descubram que os humildes ancestrais
Tinham somente as estrelas para contemplar.
(G. McCoy. Source: The Sunny Side of Genealogy, compiled by Fonda D. Baselt,
Genealogical Publishing Co., Baltimore,
1988, p.10 (tradução livre e não
autorizada: Lea Beraldo)
PARABÉNS COMUNIDADE DO LOURO! PARABÉNS AOS NOSSOS
PIONEIROS, PARABÉNS AOS NOSSOS ANTEPASSADOS! PARABÉNS A NÓS, SEUS DESCENDENTES,
ESPALHADOS POR TODO O MUNICÍPIO E TAMBÉM POR OUTRAS TERRAS DE NOSSO PAÍS.
Nenhum comentário:
Postar um comentário